CÁRCERE
Moro aqui neste chão,
Neste largo cargo de espera,
No contorno morno do conforto,
No convite mentiroso da atenção.
Ninguém, nada,coisa alguma
Acompanham o meu cantar,
Assim rouco, assim pouco,
Deito na tarde em bruma.
E não chove no que em mim move:
Plantas frágeis, raízes devoradoras,
Cores que brilham e se escondem,
A fé que em si se guarda até que,
Impotente, se prove.