ANTIGO RETRATO
O homem olha
seu passado
na fotografia que um momento tirou.
Examina aquele que
uma lente captou,
um sonho ingênuo cooptou e,
na estrada, o seu destino capotou.
Quem lhe era agora tão estranho
que antes se fartava em esperança
com um olhar que driblava
a ainda desconhecida ilusão ?
Seria o habitante do mesmo corpo
que o tempo se encarregou de exaurir
em lágrimas de desilusão?
Talvez!
Mas a alma, porém, era outra
como eram outras as fotografias
de um filme do negativo e da negação
que a sua vida revelou,
sem que ao mesmo percebesse
o retrato que na moldura da sua existência
ele se tornou.