UM CORPO SÓ!
1 MINUTO DE SILÊNCIO.
(quando leres esta elegia, vestida de versos, reserva com tuas pálpebras 1 única órbita dos ponteiros e cerra teus olhos, abre teu coração e eleva o pensamento para renderes uma última e sincera homenagem àqueles que se foram, muitos dos quais sem ninguém que pudesse lhes dizer um simples adeus).
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(Em memória de todas as vítimas da Covid e em repúdio àqueles que podendo em qualquer medida evitar essas mortes, não o fizeram e cruzaram os braços quando deveriam estender as mãos).
No tempo das horas desesperadas,
as lápides gélidas
tatuam a assinatura da dor e do abandono.
O dia desabotoa-se em tristeza,
espera a noite para agasalhar a solidão do corpo que se vai,
sem ao menos um réquiem que o acalente.
Quem por ele chorou?
quem, ao menos, reivindicou as lágrimas?
Apenas o silêncio fez par com sua sepultura
e tudo mais foi esquecido,
num mundo enlouquecido
pela cruel agonia
de uma pandemia
que parece não ter fim.