PUSILANIMIDADE
No meu sonho
habitas vestida de madrugada
com o véu de um silêncio,
a espreitar-me,
no conluio do tempo com a minha inércia.
Esperas calma,
observando-me calculadamente
numa torcida fática
pelo despertar da alma,
enquanto o corpo debruça-se em devaneios.
Eu durmo
o sono dos hesitantes,
entrego ao sonhar
a tarefa de ser melhor do que o meu despertar,
ou do que aquele que desperta.
Ela ainda está lá.
Com uma paciência infinita,
contando estrelas inquietas
no teto do universo,
a espera
de algo que a faça parar
ou que me faça parar
apenas de sonhar.