A IMPOSSIBILIDADE DE BEIJAR SUA PRÓPRIA BOCA

Amores contrariados, inválidos e sem aventura.

Não fazem pensar sobre a exceção que foge à regra

Pois ninguém pode nomear o seu desejo

E nem ao menos ser dono de sua alma.

Mas será que se vive sempre conforme os desejos do coração?

Ou se monta uma imagem e semelhança

Acreditando nela salvar aquilo que há de mais próprio,

que exista em sua mente?

Sua dependência confiante e sede por um senhor

O furta de si mesmo, o faz devorar e incorporar

Se despojando da parte ignorada

Do sentimento intuitivo da janela que aprendeu o mundo.

Nada é mais antigo que o controle das almas pelos afetos

Amar não é querer colonizar o outro

Mas fazer dele continente

De criação que impulsione novidades.

Visitei à terra brevemente

E vi como os homens se manipulam pelo medo

Como se devoram alienados

De seus próprios ensejos.

Foram acumulando tantas coisas dentro da alma

Encerrados em si mesmos

Acreditam no culto do Eu

Que pode beijar sua própria boca.

De Fernando Henrique Santos Sanches - Fernando Febá

Fernando Febá
Enviado por Fernando Febá em 26/02/2021
Reeditado em 26/02/2021
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