A IMPOSSIBILIDADE DE BEIJAR SUA PRÓPRIA BOCA
Amores contrariados, inválidos e sem aventura.
Não fazem pensar sobre a exceção que foge à regra
Pois ninguém pode nomear o seu desejo
E nem ao menos ser dono de sua alma.
Mas será que se vive sempre conforme os desejos do coração?
Ou se monta uma imagem e semelhança
Acreditando nela salvar aquilo que há de mais próprio,
que exista em sua mente?
Sua dependência confiante e sede por um senhor
O furta de si mesmo, o faz devorar e incorporar
Se despojando da parte ignorada
Do sentimento intuitivo da janela que aprendeu o mundo.
Nada é mais antigo que o controle das almas pelos afetos
Amar não é querer colonizar o outro
Mas fazer dele continente
De criação que impulsione novidades.
Visitei à terra brevemente
E vi como os homens se manipulam pelo medo
Como se devoram alienados
De seus próprios ensejos.
Foram acumulando tantas coisas dentro da alma
Encerrados em si mesmos
Acreditam no culto do Eu
Que pode beijar sua própria boca.
De Fernando Henrique Santos Sanches - Fernando Febá