ENTRE FADAS E BRUXAS
Quem de ti te levantas das fronteiras
desse meu adormecer
e lancinas em mim a ponta
de alguma emoção?
Serás a formosa fada,
que habitas no território dos meus sonhos,
com ares de cupido
a flechares uma paixão
que meu coração ainda haverá de esculpir?
Ou a perversa bruxa
que me assombra nas plagas dos meus pesadelos
com arroubos de Judas
a cravares um punhal da traição
em beijos torpes
para depois tomares meus lábios e cuspir?
Preciso desenhar melhor a linha tênue que demarca essas fronteiras,
conhecer,
de fato, quem é a bruxa e a fada,
inquilinas de um só corpo,
que,
furtivamente,
nos vapores da madrugada,
trocam de território
ao sabor dos ventos
que sopram das minhas carências,
das minhas ilusões
quando ponho
a minha insônia para dormir.