UMA BOA CONVERSA FIADA
Vontade de me perder de tudo
e encontrar apenas o vazio:
clamor da semente,
do reinício que grita sufocado
na sepultura do arrependimento.
Novo ciclo
com seus infinitos e infinitivos,
com os supostos acertos esquecidos
- já não me servem -
e os erros repaginados
para que as lágrimas não guardem
o mesmo sal de antes.
Outra poesia.
Essa já me agasta
nas obviedades
e me desgasta
nos trocadilhos infames
e rimas previsíveis.
Ah!
Vontade que tenho
de ser apenas uma lembrança desbotada:
livre e soberano,
sem compromisso de atender evocações.
Apenas sendo eu,
na melhor forma daquilo que nunca
consegui ser.
Em algum lugar
acima dos olhos dos que ficarem,
para que eu possa vê-los
e, quem sabe,
por merecimento
ou sincero desejo,
possa trazer alguns deles
para junto de mim.
Pois para uma boa conversa fiada,
e um riso descontraído,
o vazio haverá de reservar
algum lugar.