SERVIDÃO
Quando tudo mais
parecer desmoronar em ti,
os alicerces que te sustentam
fraquejarem,
estarei nos subterrâneos
cicatrizando tuas feridas,
com o bálsamo do silêncio,
no leito de paz e calma,
oferecendo meu peito
para pousares tua alma.
Sentirás minha mão diáfana,
te ofertando a translúcida
sensação de quietude,
aquecendo-te em raios virginais
roubados da castidade do sol.
Fluirei em águas transparentes
para tua purificação
e enxergarás bem no fundo
aquilo que se faz profundo,
quando invade plenamente
um sentimento surreal,
um amor incondicional,
do tamanho infinito
que se sabe que se sente,
ao tocar seu coração
com o meu,
como Orfeu
num eterno carnaval.
Assim estarei contigo,
em pensamento,
em espírito e devoção,
semeando o amar
cada momento
por todo tempo
por todo vento,
por todo verbo,
por todo verso
que este servo
puder te dedicar.