AQUIESCÊNCIA
Permita-me
ofertar-lhe meu silêncio,
pois de incompreensões
já me fiz loquaz.
Deixe-me
oferecer-lhe minha paz,
porque de guerras
já me tornei voraz.
Apenas peço-lhe
que esta poesia
ocupe o espaço
de suas dúvidas,
e perceba em mim algo
que o lirismo
é mais hábil de comunicar
do que as oralidades descuidadas.
Se possível for,
nessa insana e sôfrega
captura do tempo perdido,
ainda lhe solicito
seus anímicos olhos e ouvidos,
ávidos da mais bela fantasia,
para que os meus versos
possam ser a razão
pela qual ainda valha
a pena viver,
ou pelo menos sonhar.