QUANDO
Quando o dia clarear,
Aguentarei a luz?
Quando o som cortar a bruma,
Carregarei o que fiz e pus?
Meus braços fracos
Caem em verticais paredes,
Limitam acolher e receber,
Enterram no mar as redes.
Que lá apodrecerão.
Que lá apodrecerão.
Sem alimento, o corpo, também rede,
Deixará em si o tempo coar
A dor, a cor , o calor do fogo que arrasa
De cada sonho a asa.
O voar livre e solto
Será um sonho solto no vivido,
No ontem cosido em ponto cheio,
Na vala cavada no concreto,
No planar que carrega em seus braços
O ardido do desastre.