SENSUAL
Quero te vestir
com toda nudez,
para poder despir-te
da beleza
dos teus pudores
que ocultas
em meus desejos,
em meus ardores.
E inconfessadamente
pronunciar-me em
delírios
no orvalho
das folhas que caem
e no orgasmo
das que se abrem.
Mesmo que se faça
proibido
ato impudico,
eu lhe dedico
a libido
na transgressão
do pensamento
depravado,
impuro
no reservado
do quarto
escuro,
na possessão
do quadril
impregnado
de pecado
ou de virtude.
Na liturgia
de um verso
molhado
se conjuga
o profano
e o sagrado,
amiúde,
todo dia,
pelas mãos
e pela pena
mágica,
e fálica
da poesia
que faço:
faminta
do teu corpo,
do teu regaço.