NAVEGAR

Quando eles se foram em suas embarcações,

deixaram pesadas âncoras

do abandono.

Olhava para o mar:

todos eles.

Os só-lidos em páginas de partida,

os líquidos, evaporando-se em saudade !

E naquele vapor gasoso da despedida

não mais os via

nas linhas do tempo e do horizonte.

O oceano tragara toda a espera,

mas havia deixado

um mensageiro nas marés.

Pacientemente elas me ensinaram

a essência do fluxo,

das espumas que beijam a areia e depositam o sal do regresso.

E ainda que as embarcações fossem outras,

continuariam

indo e vindo em seu leito

à deriva dos olhos,

do peito vazio,

ancoradouro

dos barcos,

dos braços

desse

eterno navegar.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 25/01/2021
Código do texto: T7168600
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