NAVEGAR
Quando eles se foram em suas embarcações,
deixaram pesadas âncoras
do abandono.
Olhava para o mar:
todos eles.
Os só-lidos em páginas de partida,
os líquidos, evaporando-se em saudade !
E naquele vapor gasoso da despedida
não mais os via
nas linhas do tempo e do horizonte.
O oceano tragara toda a espera,
mas havia deixado
um mensageiro nas marés.
Pacientemente elas me ensinaram
a essência do fluxo,
das espumas que beijam a areia e depositam o sal do regresso.
E ainda que as embarcações fossem outras,
continuariam
indo e vindo em seu leito
à deriva dos olhos,
do peito vazio,
ancoradouro
dos barcos,
dos braços
desse
eterno navegar.