VERSOS DESSA TERRA
Te escrevo em terra
com os versos de semente
para que fecundes em lirismos
e conceda-me o fruto que encerra
o teu paladar
na forma mais saborosa
de te amar.
Te adubo
com o olhar
de quem cultiva esperanças
e lança-se tão fecundo
na colheita de um desejo
maior que o solo,
no colo que me irrigas
em teu ventre profundo.
Te semeio
e revolvo-te com as mãos
com versos de centeio
no acalento do vento,
para trazer o grão
para nosso chão
e me rasgar por dentro.
E do ar, da chuva, do sol
componho cantigas em bemol
eólicas, molhadas, ardentes
libertárias ....
de melodias poéticas,
imateriais,
agrárias ...
imortais!