ONÍRICAS EQUAÇÕES
Alguma aritmética
deve existir
para somar as parcelas
diuturnas de esperanças
e desprezar refratários receios.
Há de estar em líquidas precipitações
que desembaçam as vidraças da espera
para trazerem os arautos dos orvalhos
numa alvissareira manhã.
Ou na relva
denunciando o frescor
que as narinas do coração
não conseguiram ainda absorver.
Talvez laços de sol
apertados
ansiosos pelos raios que o partam.
Ou a brisa amena
com secretos desejos
de ser furacão.
Haverá sim,
de surgir tal aritmética,
disposta a resolver
e revolver
as equações
no termo,
de um elemento
que não se cansa de sonhar.