SIGO TENTANDO ...

Ah!, esses colecionadores de lirismos.

Sem motivo ter,

passam a falar coisas da alma,

e a descrever fantasias revestidas

de um amanhã sedento por sonhar.

E nos tocam de um jeito,

indescritível,

na intangível forma do expressar.

Revolvem a vida

dum modo mágico,

e a devolvem

pelo coração

de quem as lê:

por um pranto cômico,

ou pelo sorriso trágico,

na forma abstrata

do escrever.

Quando choram

suas lágrimas escoam pela face

do seu sofrer,

e se sorriem,

irradiam um brilho onírico

que reluz no território

fecundado no útero lírico.

Talvez um dia

me convença em acumular

despropósitos,

desvarios,

e passe a tentar ver também

certas invisibilidades.

Se por merecimento,

ou até mesmo

pelo suor de alguma teimosia,

conseguir absorver

e me sufocar

por algum oxigênio de sonho

que o valha,

e com ele tocar a superfície

mais sensível de quem

comigo queira respirar,

talvez possa, enfim,

despertar o poeta

que adormece, asfixiado,

dentro de mim.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 16/12/2020
Código do texto: T7137195
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