UMA LUZ NA ESCURIDÃO
Por vezes
no território da dor
aquele homem amou a solidão
e quis perpetuar-se
na própria ausência.
Estava se sentindo ferido,
e mesmo assim encontrou
o sentido,
sentado,
sem tudo,
sem todo,
esperando
por algo
que necessitava conhecer.
O tempo mostrou as garras
e arranhou a face do seu silêncio
e do sangue que escorreu
na vala que as lágrimas
um dia deixaram,
pôde perceber
que a espera
guardou uma inércia
necessária,
terapêutica,
urgente
na direção
daquilo que sempre
soube,
que a cegueira dos olhos
entregava às retinas da alma,
para que nunca,
deixasse se perder.
E das tênues fugas
sempre, e com tal zelo,
haveria de recobrar
nos estertores da dor
o lugar que a esperança,
teimosamente,
destinava para si.