UMA LUZ NA ESCURIDÃO

Por vezes

no território da dor

aquele homem amou a solidão

e quis perpetuar-se

na própria ausência.

Estava se sentindo ferido,

e mesmo assim encontrou

o sentido,

sentado,

sem tudo,

sem todo,

esperando

por algo

que necessitava conhecer.

O tempo mostrou as garras

e arranhou a face do seu silêncio

e do sangue que escorreu

na vala que as lágrimas

um dia deixaram,

pôde perceber

que a espera

guardou uma inércia

necessária,

terapêutica,

urgente

na direção

daquilo que sempre

soube,

que a cegueira dos olhos

entregava às retinas da alma,

para que nunca,

deixasse se perder.

E das tênues fugas

sempre, e com tal zelo,

haveria de recobrar

nos estertores da dor

o lugar que a esperança,

teimosamente,

destinava para si.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 15/12/2020
Código do texto: T7136460
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