BULIÇOSOS VERSOS
Ainda estou por te viver,
sentir teu cheiro
esculpindo em minhas narinas
aromas que embriagam outros sentidos.
Neste viver,
acalento a espera
como náufragos
que bebem no oceano
o sal dos seus resgates.
Me conto
em desvarios,
delírios prostituídos de desejos,
nas vestes molhadas
que a tua libido traz
em cada novo orvalho que te anuncia.
Quando me deixo
seduzir pelo
porvir do seu tato,
me rasgo em ânsias
para que me remendes em abraços,
e me coles em beijos
com a saliva dos teus lábios
e eu com a minha neles ...
em todos eles.
Ainda estou por te achar
em algum lugar oculto
entre a esperança e a ilusão,
no frêmito que ultrapassa
qualquer tentativa
de possuir-te
além daquilo
que o poeta pode oferecer
em seus buliçosos
versos de verão...
e de solidão.