DOS CASTIGOS E DOS CASTIÇAIS DO TEMPO
Dos castiçais
que o tempo acende,
cada vela
ilumina uma
necessária indulgência.
O vento nos traz
o confessionário
que duela com a chama
pela posse do lúmem
da consciência.
Nesse embate,
vamos, pois, tecendo
a mortalha da escuridão
com fios de tardios arrependimentos
e, sem razão,
com culpas e lamentos
entornados na antessala
no momento que principia
o próxima confissão.
O tempo só nos observa
com a resignação
de quem apenas demarca
de antecedências e atrasos
o caminho da existência,
sem que desta estrada
se afigure por nossos atos,
a medida certa da sua extensão.
E, assim,
as velas do candelabro queimam,
ardem,
agonizam,
em tristes e pífias fumaças
nos estertores da luz.
E enquanto nos preocupamos
apenas com a veleidade indigente
de polir os próximos castiçais,
a chama se esvai
por entre o nossos
recorrentes adiamentos e açodamentos
das escolhas erradias
num tempo que não volta mais.
©️ Leonardo do Eirado Silva Gonçalves
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