DOS CASTIGOS E DOS CASTIÇAIS DO TEMPO

Dos castiçais

que o tempo acende,

cada vela

ilumina uma

necessária indulgência.

O vento nos traz

o confessionário

que duela com a chama

pela posse do lúmem

da consciência.

Nesse embate,

vamos, pois, tecendo

a mortalha da escuridão

com fios de tardios arrependimentos

e, sem razão,

com culpas e lamentos

entornados na antessala

no momento que principia

o próxima confissão.

O tempo só nos observa

com a resignação

de quem apenas demarca

de antecedências e atrasos

o caminho da existência,

sem que desta estrada

se afigure por nossos atos,

a medida certa da sua extensão.

E, assim,

as velas do candelabro queimam,

ardem,

agonizam,

em tristes e pífias fumaças

nos estertores da luz.

E enquanto nos preocupamos

apenas com a veleidade indigente

de polir os próximos castiçais,

a chama se esvai

por entre o nossos

recorrentes adiamentos e açodamentos

das escolhas erradias

num tempo que não volta mais.

©️ Leonardo do Eirado Silva Gonçalves

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Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 03/12/2020
Código do texto: T7126342
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