Manto

Vê-se que o manto aberto e sobre o chão

revela um rosto exposto em sangue e dor...

Cobre-o este véu do céu inquiridor

e solta ao léu a ave, o coração!

O sentimento meu, contudo, vai

e sobre o mundo louco, alucinado,

sem pensamentos foge da razão

e nem percebe ter-se libertado...

As coisas simples são incompreensíveis

e o vento sopra a face da verdade

quase afagada por mãos invisíveis

num quase amor ou quase insanidade...

Livre, do manto, e nu... me exponho. Vede!

Nem minhas chagas servem de desculpas

nem minhas mágoas pagam minhas culpas

nem minha vida aplaca a minha sede...

Na paisagem presa na memória

a mesma história vai se repetindo:

sem ilusões não sei onde estou indo

ou eu não sei mudar a trajetória...

Poeteiro
Enviado por Poeteiro em 27/10/2007
Reeditado em 22/12/2009
Código do texto: T712491
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.