MINHA VILA, MINHA VIDA!
A minha vila dorme boêmia,
bebericando goles de lua e estrelas;
acorda sonolenta,
em passos arrastados
de uma paz
do tamanho infinito
da sua gente.
O tempo parece
querer sempre
esticar seu adormecer
no leito que a ventura
calçou em cada pedra do caminho.
Para que acordar tão cedo?
Tudo já é tão perfeito!
Deixe-o sonhar,
a sua eternidade,
pois essa é o espelho do lar
e que vemos refletido por lá.
Minha vila
cultiva o silêncio
nos canteiros das casas,
nas flores regadas
em gotas de serena quietude.
Seu povo
é fruto e semente,
da expressão das almas extra-muros
que anseiam também
por uma vida plena
na concepção,
na gestação
do melhor
de cada desejo.
Minha vila não se encerra,
tampouco principia.
Ela é o contínuo processo
inacabado de um lugar,
que na falta de um nome
mais apropriado,
contentou-se em ser chamada
de paraíso.