SABEDORIA DA LUA

Quando a noite

veio me cobrir com o seu silêncio,

eu me escondi nos escuros

da sua boca

e, camuflado de estrela,

tentei subtrair o brilho das outras irmãs.

Mas a lua me denunciou.

Ora, por que fizera isso!?

Logo ela, tão despossuída de luz própria, usurpadora de raios,

haveria de impor embargos às minhas pretensões?

Só mais tarde,

pude compreender

que, à luz de todas as conquistas,

o que nos torna realmente brilhantes

não é a posse furtada,

fruto do embuste,

mas a trajetória

de quem sabe se

posicionar nos caminhos da luz,

e dela se servir

humildemente todos os dias

sem que possa

querer ser mais do que o reflexo

a qual fora destinada.

E por isso,

e em face disso,

ser sempre admirada

pela luz emprestada ao seu luar.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 26/11/2020
Código do texto: T7121099
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