SABEDORIA DA LUA
Quando a noite
veio me cobrir com o seu silêncio,
eu me escondi nos escuros
da sua boca
e, camuflado de estrela,
tentei subtrair o brilho das outras irmãs.
Mas a lua me denunciou.
Ora, por que fizera isso!?
Logo ela, tão despossuída de luz própria, usurpadora de raios,
haveria de impor embargos às minhas pretensões?
Só mais tarde,
pude compreender
que, à luz de todas as conquistas,
o que nos torna realmente brilhantes
não é a posse furtada,
fruto do embuste,
mas a trajetória
de quem sabe se
posicionar nos caminhos da luz,
e dela se servir
humildemente todos os dias
sem que possa
querer ser mais do que o reflexo
a qual fora destinada.
E por isso,
e em face disso,
ser sempre admirada
pela luz emprestada ao seu luar.