SÓ RESTOU A POESIA
Está tudo tão igual!
As diferenças já nascem do útero univitelino.
Os antagonistas agora são amigos de infância e trocam espelhos no natal.
A homogeneidade
é a tinta de todas as paredes
do museu onde o diferente virou relíquia.
E as contradições ?
Se tornaram a favor, se uniram e viraram apenas adições.
A unanimidade nunca foi tão burra!
O que são mesmos antônimos?
Tudo é tão igual!
Até as insônias adormeceram no colo
dos mesmos sonhos.
Apenas algo se insurge no tedioso horizonte:
a desigualdade que permeia os iguais,
tácita, fática,
de uma expressão poeticamente desigual.
Coisas que só os versos
sabem ser.
©️ Leonardo do Eirado Silva Gonçalves
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