SÓ RESTOU A POESIA

Está tudo tão igual!

As diferenças já nascem do útero univitelino.

Os antagonistas agora são amigos de infância e trocam espelhos no natal.

A homogeneidade

é a tinta de todas as paredes

do museu onde o diferente virou relíquia.

E as contradições ?

Se tornaram a favor, se uniram e viraram apenas adições.

A unanimidade nunca foi tão burra!

O que são mesmos antônimos?

Tudo é tão igual!

Até as insônias adormeceram no colo

dos mesmos sonhos.

Apenas algo se insurge no tedioso horizonte:

a desigualdade que permeia os iguais,

tácita, fática,

de uma expressão poeticamente desigual.

Coisas que só os versos

sabem ser.

©️ Leonardo do Eirado Silva Gonçalves

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Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 16/11/2020
Código do texto: T7113361
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