ANOITECENDO NO RIO VERMELHO
Já agonizava a tarde,
a noite vinha,
ávida, engolir
a enseada,
a ensejada
contemplação
dos estertores
vespertino.
Eu,
nos cobertores,
do sonhar-menino,
agasalhava-me
com neófitas estrelas,
roubando-lhe o brilho
para pô-lo nos olhos
do vindouro amanhecer.
As horas transpiravam,
ofegavam em gotas
de crepúsculo,
com o suor que a noite
escorria pela face
da lua.
O mar, plácido,
recolhia suas ondas
ao descanso no seio
das dormentes embarcações.
A tepidez do vento
açoitava a tez do firmamento
e a enseada tingia-se de um amarelo
moribundo,
no breu que o mundo
depositava nas areias
do manto que a tarde já
despojava de si.
Eu tudo via,
havia de ver
a vida que aviava,
e avisava
o dia do escurecer.
Enquanto o sol adormecia,
eu despertava em sonhos,
em cada barco
a rasgar o próximo
oceano matutino,
levando consigo
minhas oníricas navegações,
e todo o fluído de mais um acaso,
no ocaso que se deixava anoitecer.
©️ Leonardo do Eirado Silva Gonçalves
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