ANOITECENDO NO RIO VERMELHO

Já agonizava a tarde,

a noite vinha,

ávida, engolir

a enseada,

a ensejada

contemplação

dos estertores

vespertino.

Eu,

nos cobertores,

do sonhar-menino,

agasalhava-me

com neófitas estrelas,

roubando-lhe o brilho

para pô-lo nos olhos

do vindouro amanhecer.

As horas transpiravam,

ofegavam em gotas

de crepúsculo,

com o suor que a noite

escorria pela face

da lua.

O mar, plácido,

recolhia suas ondas

ao descanso no seio

das dormentes embarcações.

A tepidez do vento

açoitava a tez do firmamento

e a enseada tingia-se de um amarelo

moribundo,

no breu que o mundo

depositava nas areias

do manto que a tarde já

despojava de si.

Eu tudo via,

havia de ver

a vida que aviava,

e avisava

o dia do escurecer.

Enquanto o sol adormecia,

eu despertava em sonhos,

em cada barco

a rasgar o próximo

oceano matutino,

levando consigo

minhas oníricas navegações,

e todo o fluído de mais um acaso,

no ocaso que se deixava anoitecer.

©️ Leonardo do Eirado Silva Gonçalves

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Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 16/11/2020
Código do texto: T7113360
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