"GUARDANÇA"
Guardo em mim,
na algibeira do coração,
a terra de todos os cumes,
o vento mais elevado,
o eco do céu arrancado,
e de todos os seus lumes
o fogo dos deuses:
do profano e do pagão
e de outro mais sagrado.
Porque já não me contento
com nada menos
que os infinitos que conquisto,
na viagem dum sentimento
de um amor do qual me visto
e mesmo que não tenha visto,
me agasalho com o que invento.
Guardo em mim a esperança,
o desejo acima da razão,
o futuro de luz avança,
se adianta e se lança,
rasgando toda a escuridão
para costurar a imensidão
com as agulhas da paixão.
Guardo em mim
a sensação de pertença
do seu corpo ainda ausente,
mas que virá da nascença
de algo que me alimente
e faça cumprir sua missão
ainda que seja pelas mãos
de um sonho de verão.
Guardo em mim,
mas quem sabe, você,
também possa guardar
na mesma algibeira,
para poder compartilhar
comigo o mesmo sonhar
e depois, tomara, o realizar
e assim ser a primeira
chuva desse orvalhar,
porque do amor, vamos
sendo a sementeira,
pois sem ele
a vida passa tão ligeira,
que não se dá por inteira.
©️ Leonardo do Eirado Silva Gonçalves
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