NÓS, PIGMEUS

I

Abrir todas as comportas

de nossos porões interiores

é atitude que uma vida só

não comporta,

ainda mais em dias cinzentos,

quando não bem enxergamos

as armadilhas traiçoeiras

que nos limitam a ação,

ensombrecendo a visão

dos desconhecidos caminhos

já por si mesmos enovelados,

territórios onde cultivamos,

a feitio de imprudentes agricultores,

extensas lavouras de culpas e medos.

II

Mas, há que se evadir do útero,

ou melhor, do aparente conforto da cama,

nem que seja à fórceps,

para excursionar por esses recantos

que negamos diante do espelho,

espécies de estufas gradeadas

onde vicejam em forçado silêncio

todas as mirradas sementes

de nossa, ainda precária, condição humana:

Nós, pigmeus movidos a gases corrosivos,

por caminhos equivocados,

tentando subir aos céus.

- por JL Semeador de Poesias -