SÓ O SOL!
A tardança
das chuvas,
eterna
procrastinação,
que violenta
o solo infecundo
que o sol dedica
neste seu mundo
assídua devoção,
também forja
os bravos
nas batalhas
da fé e da oração,
nas mortalhas
da morte no torrão,
sob sua aflição
ou algo pior,
na árida caminhada,
pelo calvário
do grito da enxada,
carente de gotas
além do suor,
que lhe tem o chão
destinatário.
O céu nunca foi tão azul,
pintado com os matizes,
um mesmo tom de dor,
os momentos tão tristes
um destino que lhe é cru,
se o santo existe,
onde está o seu andor?
Na inclemente
pintura,
o ser tão ferido,
o sertão sofrido,
amargura,
há sede,
a seca
assola,
há sol lá,
tão só!
Há o sol,
só o sol!
©️ Leonardo do Eirado Silva Gonçalves
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