A PALAVRA NÃO DITA
O sonhador morreu
e com sua carne
foi sepultada sua alma.
Tudo que poderia ficar no tempo
pereceu pelas mãos do medo
evaporou-se numa nuvem negra,
carcereira das chuvas
desavisadas de eternidade.
Teu corpo apenas
serviu de frontispício,
mas seus sonhos
eram o seu altar,
que agora mudo
não consagra mais as hóstias
do seu legado.
Ficou apenas o silêncio
inculto e vazio,
a palavra não dita,
irrealizada,
única, pessoal,
intransferível.
O homem morreu
já tão tarde,
mas antes mesmo
de ter começado
a viver,
de ter vivido
o seu sonhar.
©️ Leonardo do Eirado Silva Gonçalves
Direitos Reservados