AMADURECIMENTO
Já não me pesam as palavras
e as suas sílabas escravas
de pretéritos pensamentos.
O verbo,
antes bravio,
agora repousa no leito sereno,
onde curou-se da insônia
e converteu-se em silêncio.
Carrego sobre os ombros
uma leveza que veio
com a brisa do oceano
soprar um hálito de calmaria.
A palavra ora flutua
altiva e soberana,
impávida, cigana,
despossuída e nua.
Com ela levitam
experiências:
o aprendizado das dores,
o sabor dos amargores,
devastadores amores,
as pétalas sem flores.
A palavra
escreveu em si a espera...
sábia, necessária, terapêutica ...
que se faz senhora,
que se fez penhora
do próprio ato de esperar,
para colher apenas o fruto maduro
no árvore de cada amanhecer.
©️ Leonardo do Eirado Silva Gonçalves
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