COTIDIANO
A beleza, a juventude,
o sentir que o futuro é agora,
me faz feliz e infeliz e impotente,
por não reconhecer,
nas marcas,
o passado e o vindouro,
ou ouvir as notas
de horror e de alegria.
Se eu pudesse aceitar a regra,
Se eu pudesse engolir o jogo,
Se eu pudesse digerir
O mastigado dolo!
Tudo seria alvorecer:
Meio-dia e noite,
Luz inusitada ao amanhecer.
Mas não me faz a vontade
O ardor, a intensidade!
Desço do acreditar
Que o porvir me marcará,
Que a vida será justa e boa.
Simples assim,
Pouco em mim,
Mentindo em mim,
Pequeno em mim,
O aceno do sim.