COTIDIANO

A beleza, a juventude,

o sentir que o futuro é agora,

me faz feliz e infeliz e impotente,

por não reconhecer,

nas marcas,

o passado e o vindouro,

ou ouvir as notas

de horror e de alegria.

Se eu pudesse aceitar a regra,

Se eu pudesse engolir o jogo,

Se eu pudesse digerir

O mastigado dolo!

Tudo seria alvorecer:

Meio-dia e noite,

Luz inusitada ao amanhecer.

Mas não me faz a vontade

O ardor, a intensidade!

Desço do acreditar

Que o porvir me marcará,

Que a vida será justa e boa.

Simples assim,

Pouco em mim,

Mentindo em mim,

Pequeno em mim,

O aceno do sim.

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 02/11/2020
Reeditado em 05/11/2020
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