NOSSOS OLHOS SÓS
Seus olhos parecem
me dizer
toda a angústia
camuflada na retina.
O vazio de uma espera
edificada sobre
promessas vãs.
Querem convidar-me
a um resgate insano
para polir o antanho brilho
que opaco se fez do tamanho
de todo esse abandono.
Se necessário, arrancá-los-ia.
Na confissão de toda a dor,
a cegueira não lhe emprestaria,
decerto, todo a desvalidez
de uma despedida.
Teus olhos
carregam em si
o peso de uma desesperança
e anseiam fugir para meu olhar.
Juntos, quem sabe,
nos consolemos
com a mesma litania,
e na amarga liturgia
imposta pela solidão,
possamos compartilhar
da mesma visão,
enquanto uma outra ilusão
não vem nos cegar.
©️ Leonardo do Eirado Silva Gonçalves
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