ADEUS AOS GUARDA-CHUVAS!
Despojei-me dos guarda-chuvas
que haviam em mim.
Eles represavam as arrebatadoras tempestades.
Me impediam de banhar-me com as libertárias gotas de chuva.
Até os ventos eles lhe emprestavam impedimentos.
Só faltavam confiscar as nuvens!
Diante de toda reclusão,
compactuei com estes artefatos de cabos, hastes,
e proteções desconfortantes
das líquidas liberdades
uma outra utilidade.
Em vez das pluviais precipitações,
guardariam
minhas lágrimas,
as lástimas,
as mágoas,
e as turvas águas da tristeza,
e quando um mensageiro
de eólicas aventuranças
por aqui passasse,
viajariam com ele levando
o fardo dos meus despejos
o enfado dos despojos
e dos meus desejos,
para algum redemoinho
nas lonjuras do céu.
E que não precisassem mais retornar,
pois serventia não haveriam de ter
nas novas chuvas
que cairão dentro de mim.
©️ Leonardo do Eirado Silva Gonçalves
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