SEM DORMIR
Que amor é renda na juventude,
Que amar se dilui em calma dor,
Que o querer resiste em cada cor,
Que o fim acena e a ninguém ilude,
Desenha-se na tarde em quietude
Por estar em cada nota o calor,
Por ser em cada canto se assim for,
A felicidade simples que pude.
Mas o ocaso cede lugar à noite
Que, brilhando, esconde negros pontos,
Que em sombras carrega o açoite,
Assim, ansiando por uma nova hora,
Assim, tecendo a dor de um novo conto,
Vai longe, rindo , esgarnecendo o agora!