O QUE ME BASTA
O QUE ME BASTA
Serei eu apenas o que me basta,
o que me espera
atrás da porta aberta,
porque nada mais
há de se esconder.
Ordenarei passos
apenas para cumprir os protocolos
dos seres caminhantes,
ou para que o chão vazio da estrada
tenha alguma serventia.
Não tenho mais um itinerário a seguir.
Sou o meu próprio destino,
o desatino
que tardou a acontecer,
mas que veio
a ponto de resgatar-me
da tediosa existência
Não procurarei
outras respostas senão
a derradeira,
metade das perguntas
já foram respondidas
pelo meu silêncio,
as outras, a sabedoria
silenciou.
E de tudo mais
que supus um dia faltar,
o esquecimento se incumbiu
de guardar.
E nenhuma falta
me fez essa providencial custódia.
Vou-me embora abarrotado de levezas,
pronto para voar
para todos os infinitos
para algum lugar habitado
pelos sonhos que hei de sonhar,
na minha intangível morada colorida
pintada com as cores de cada verso
que um dia declamarei só para ti.
© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves
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