CAMINHOS DO MAR
Da embocadura
que o tempo constrói,
atracamos os barcos
e prendemos nossas cargas
com as amarras
que o vento leva
e o peito carrega.
Em efêmeras terras firmes
de quando em vez,
levantamos os olhos enevoados
ao firmamento e aguardamos
as gotas dos colírios
em chuvas de delírios
Em águas turbulentas
os tolos ousam navegar
embarcações sonolentas
vão ao encontro do mar.
Mas não se sustentam por inteiro
Pois, sabe o prudente marinheiro,
que este não é seu apanágio:
soçobrar num cruel naufrágio
No frêmito da interminável querela
do homem com sua alma bravia,
os sensatos
avançam no oceano da calmaria,
os insanos
se lançam na fúria de uma procela.
© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves
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