CAMINHOS DO MAR

Da embocadura

que o tempo constrói,

atracamos os barcos

e prendemos nossas cargas

com as amarras

que o vento leva

e o peito carrega.

Em efêmeras terras firmes

de quando em vez,

levantamos os olhos enevoados

ao firmamento e aguardamos

as gotas dos colírios

em chuvas de delírios

Em águas turbulentas

os tolos ousam navegar

embarcações sonolentas

vão ao encontro do mar.

Mas não se sustentam por inteiro

Pois, sabe o prudente marinheiro,

que este não é seu apanágio:

soçobrar num cruel naufrágio

No frêmito da interminável querela

do homem com sua alma bravia,

os sensatos

avançam no oceano da calmaria,

os insanos

se lançam na fúria de uma procela.

© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves

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Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 22/10/2020
Código do texto: T7093557
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