VOAR

Tome a poesia

E a lave em tábua

deitada sobre a água corrente

do arroio,

no fundo de casa.

Depois a ponha ao sol,

ao sal, ao sul

que se derrama em azul.

Aqui não chove!

Aqui não chove!

Aqui nada se move na sombra.

O ar seco rasga

a manhã, a tarde e a noite.

Se, de qualquer estar

Vier o açoite,

Nada desvende,

Não se ajoelhe.

Permita ao ar livre

Carregar para o alto

Cada palavra , cada chaga

Exposta ou calada.

Para quem vive,

A poesia nada em águas negras,

Para quem finge,

A poesia flutua em ondas rasas.

Para mim, pouco importa!

Seu olhar meu pulsar não corta!

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 03/09/2020
Reeditado em 07/11/2020
Código do texto: T7054068
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