VOAR
Tome a poesia
E a lave em tábua
deitada sobre a água corrente
do arroio,
no fundo de casa.
Depois a ponha ao sol,
ao sal, ao sul
que se derrama em azul.
Aqui não chove!
Aqui não chove!
Aqui nada se move na sombra.
O ar seco rasga
a manhã, a tarde e a noite.
Se, de qualquer estar
Vier o açoite,
Nada desvende,
Não se ajoelhe.
Permita ao ar livre
Carregar para o alto
Cada palavra , cada chaga
Exposta ou calada.
Para quem vive,
A poesia nada em águas negras,
Para quem finge,
A poesia flutua em ondas rasas.
Para mim, pouco importa!
Seu olhar meu pulsar não corta!