AVES
Essa noite elas vieram!
Cruzaram por sobre mim,
Fizeram-me vítima indefesa.
Traziam íris vivas, acesas
Com assustador tom carmim.
Tinham garras afiadas...
Sufocaram-me...
Apertaram meu pescoço
Quase perco o ar.
Fiquei indefeso, preso,
Um refém dos seus caprichos.
Tinham bicos duros e pontudos
Dilacerando as carnes da alma
E, sobretudo trazendo-me
Nefastos vícios.
Sussurraram horrores aos meus ouvidos
Rasgaram-me todo
E submeteram-me a seus caprichos.
Com a tortura eu quase quis morrer
Essas aves noturnas sanguinárias,
Só se foram com os raios da manhã
Que mais uma vez me vieram socorrer.