PÁGINAS AMARELADAS
Dueto com a poeta Glória, também do Recanto.
Em páginas amareladas
Tanta história guardada.
Registram dias, noites.
Vazios de sentimentos.
Tudo entre nós foi dito?
Passado e presente se mesclam.
Histórias mal vividas,
Tanta coisa por dizer,
Desperdício de sonhos.
Tudo era mágico,
Sintonia...encaixe perfeito,
Côncavo e convexo.
Agora ... Essa pausa perplexa
E o acordo tácito, porém implícito;
Me dispo de passado, alianças,
Páginas viradas, estranho equilibrio,
Vida neutralizada.
Sem sentido...
E escalo as montanhas
que moram em mim...
Falta então o silêncio
para dizer
o que as palavras não podem mais,
porque as verdades mais profundas
jamais são ditas, mas sentidas
na plena extensão
de sua profundidade...
Como a própria verdade
se falta sob os alardes,
a tarde que sempre é
sobre o que se calou
nos sentidos,
pelo medo do sentido
que sempre achamos que não faz...
Nada foi dito entre nós,
por mais que se tenha dito,
porque somos mistério
construído no segredo
que julgamos aberto ao mundo;
não segredo;
livro exposto ao nada,
com páginas que o tempo
associado às traças
lança no abismo do esquecimento.