PÁGINAS AMARELADAS

Dueto com a poeta Glória, também do Recanto.

Em páginas amareladas

Tanta história guardada.

Registram dias, noites.

Vazios de sentimentos.

Tudo entre nós foi dito?

Passado e presente se mesclam.

Histórias mal vividas,

Tanta coisa por dizer,

Desperdício de sonhos.

Tudo era mágico,

Sintonia...encaixe perfeito,

Côncavo e convexo.

Agora ... Essa pausa perplexa

E o acordo tácito, porém implícito;

Me dispo de passado, alianças,

Páginas viradas, estranho equilibrio,

Vida neutralizada.

Sem sentido...

E escalo as montanhas

que moram em mim...

Falta então o silêncio

para dizer

o que as palavras não podem mais,

porque as verdades mais profundas

jamais são ditas, mas sentidas

na plena extensão

de sua profundidade...

Como a própria verdade

se falta sob os alardes,

a tarde que sempre é

sobre o que se calou

nos sentidos,

pelo medo do sentido

que sempre achamos que não faz...

Nada foi dito entre nós,

por mais que se tenha dito,

porque somos mistério

construído no segredo

que julgamos aberto ao mundo;

não segredo;

livro exposto ao nada,

com páginas que o tempo

associado às traças

lança no abismo do esquecimento.

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 22/10/2007
Reeditado em 22/10/2007
Código do texto: T705097
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