VELHO PORTÃO

Velho portão de madeira,

Portal de sonhos sem fim...

A vida se iluminava quando passava por ti.

Cheiro da terra vermelha, onde rolava a brincar,

Correndo pelos terreiros, vendo a vida despertar.

Antigo paiol onde um dia, eu já brinquei de esconder,

Nos meus sonhos de menino eu não poderia prever,

Que o tempo fosse passar, tudo em saudade transformar.

Ah! Porque eu fui envelhecer?

Em cada canto daquela casa reinava a mais pura alegria.

Se eu pudesse voltar, juro, hoje eu voltaria.

O biscoito frito, o fogão à lenha A família reunida...

Eu não sabia mais eram

Momentos os mais felizes da vida.

E daquele semblante me lembro,

Era de forte explosão e paz.

Trazia sempre surpresas,

Mas de amar igual ninguém é capaz.

E aqueles olhos tão lindos

De um amor maternal divino,

Não verei nunca mais.

Junto ao oratório de madeira,

Chama de uma vela a brilhar

Batida forte da fé

Sempre pairava no ar.

Tinha gosto de pureza e inocência,

E de uma magia eterna

Matando a sede de vida, a água da velha cisterna.

Da sala posso ouvir um ruído

De alguém com as mãos sobre a mesa, a bater,

E essa imagem de paz e tranquilidade,

“ispiciali” sempre vai ser.

Em cada lembrança uma emoção

Fico feliz por saber que vivi,

Apenas me acorda a realidade

É verdade, envelheci.

São lembranças que levo comigo

Pela minha vida inteira

Ah se pudesse de novo passar por ti

Velho portão de madeira.