GRINALDA
Flor.
Abri os olhos,
A lua crescente desapareceu.
Entre o teto e o solo,
O canal navega na vaga vaga,
Intimidada.
No solo áspero, a aldeia,
Tão bela, pequena e inteira!
Cheiro de mato.
Não sei se nasço ou me mato.
A coisa mesma e rasteira
Cumpre o intervalo
Entre o amor e o horror.
Por, repor,
Compor um novo dia
Que diga a ti, Maria,
Que o que custa é o desamor,
Encondido entre tréguas,
Escritas nas páginas amarelas
Das folhas de tua vida.
Não por eles a quem abraças,
Não por ti que te empregas
A sustentar o mistério
De tudo que nem sei, nem quero,
Nem preciso, embora espere,
Para pensar a ferida,
Aberta na vida!