GRINALDA

Flor.

Abri os olhos,

A lua crescente desapareceu.

Entre o teto e o solo,

O canal navega na vaga vaga,

Intimidada.

No solo áspero, a aldeia,

Tão bela, pequena e inteira!

Cheiro de mato.

Não sei se nasço ou me mato.

A coisa mesma e rasteira

Cumpre o intervalo

Entre o amor e o horror.

Por, repor,

Compor um novo dia

Que diga a ti, Maria,

Que o que custa é o desamor,

Encondido entre tréguas,

Escritas nas páginas amarelas

Das folhas de tua vida.

Não por eles a quem abraças,

Não por ti que te empregas

A sustentar o mistério

De tudo que nem sei, nem quero,

Nem preciso, embora espere,

Para pensar a ferida,

Aberta na vida!

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 09/08/2020
Reeditado em 29/01/2021
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