A xícara ressuscitou

Quebrada, partida, espatifada

Como uma xícara em migalhas,

Jogada por um anjo sem asas,

Sem ruído ao cair, sua dor abafada.

Reuni por 4 anos os pedaços,

Os frangalhos divididos nos hemisférios.

Reencontros e desencontros de mil pecados

Envoltos em neblinas coloridas e pálidas de mistérios.

Percorri sem rumo o mundo

Na esperança tíbia de encontrar minha face.

Larguei a capa imunda de um ser vagabundo.

Sou frágil e forte, pronto para um novo enlace.

Colei com amor e com dissabor

Tudo o que me causava excruciante dor

Cicatrizadas estão as feridas cortadas pelos cacos.

Buracos fechados da alma agonizada, hoje sem marcos.

Como seria possível que algo quebrado

pudesse ser restaurado e ainda aprimorado?

O que me causava dor, hoje é experiência do que passou.

A xícara ressuscitou.