Narciso e eu

Narciso e eu

Vejo Narciso sentado à beira do lago

e vejo sua face de contentamento

pela sua beleza refletida no espelho d’água

e depois se lançar para beijar a si mesmo

e perante tão triste e angustiante cena

eu me lanço voraz nas águas do lago

para salvar os dois Narciso ali imersos

Narciso de tanta beleza e seu belo reflexo

nenhum dos dois eu consegui salvar

mas creio que os dois estejam salvos

pois ao me afastar do lago e olhar atrás

sobre o espelho d’água avistei a beleza

então retornei e um Narciso estava ali

para depois se dispersar entre as vagas

e o meu reflexo surgir belo nas águas

a me chamar ao amor por mim mesmo

mas não sou belo e nem sou Narciso

tirei do bolso uma velha fotografia e beijei

eu estava nela ainda tão jovem e bonito

e passei a mão pelas rugas assim que afastei.

Rangel Alves da Costa

blograngel-sertao.blogspot.com