Chuva
Olho a chuva que cai
Impossível não sair deste tempo
Os pensamentos viajam
Reviram as pedras do outrora
Buscando as respostas pra esse momento
Cada gota que pela janela escorre
Embaçando o que de fora se mostra
Somente encontra consonância
Com o frio que meu corpo toma
E nessa cama me prostra
Corpo que frágil se contorce
Em dores infindáveis na alma
Me roubando a agilidade
Me tirando o fôlego
Enquanto assisto essa chuva calma
É o pouco que me resta
Nesta vida que já se apressa
Em extinguir o fervor de meu sangue
Em meus sonhos transformar
Em terríveis pesadelos onde morte me confessa
Entre dentes afiados
Que me mordem até rasgar
A pele agora frágil
Num corpo fatigado
Por insana febre a queimar
Até ontem a esperança
Esse débil sentimento
Que enlouquece a razão
Escurecia minha vista
Me causando encantamento
Hoje olho pela janela
Sinto o frio desse vento
Que levanta as cortinas
Derruba o que lhe está na frente
Nas gotas da chuva nada mais invento
Meu corpo não permite
Minha alma desiste
A esperança que no passado
Me trouxera sonhos
Morta está e ninguém me havia contado