PEREGRINOS

Dentro da noite há

Uma alma triste

Com seu rosto

Com seus olhos

Com sua angústia.

Quem vai sofrer?

Sei que serei eu

Pois, não quero amanhecer.

Oro, penso em ti

Reluto em adormecer.

Outras noites vão surgir.

Mesmo sabendo, canso de esperar

Não aprendi a paciência

Apenas quero ir

Tenho medo que não possa vir.

Encontro com você sem você

Susto e infelicidade.

Pela madrugada

Encontro rastros

Do dia que vai se vingar.

Antes que acabem meus gemidos

Preciso dormir

Pensar em silêncio

As coisas serenadas

Os cães latindo sabem.

Mas, eu juro!

A claridade não me tocará

Não haverá serenidade

Neste coração que uiva

Vigiarei em vigília até você voltar.

Seremos peregrinos

Apenas mais dois.

Em sua mão meu sonho

Em meu sonho

O gesto de sua mão.

Nada de abrigo para andarilhos

Apenas dois e não somos nada

Na quantidade dos que vão.

Pior que o inferno é estar no sonho

Na cabeça culpada do sonâmbulo.

Enquanto a madrugada do amor

Não se fizer manhã

Te amarei

Brincarei com estrêlas

Trocarei auroras por um ocaso apenas...

T@CITO/XANADU

Paulo Tácito
Enviado por Paulo Tácito em 12/05/2020
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