POEMANDO
é minha voz
quando canto em um canto,
poesia retida na boca
junto com um grito.
O pranto mudo é nulo
transformo imagens em gestos,
desejos em palavras.
O suspiro calado
a alma guarda.
Mesmo a voz clara dos poemas,
são frutos amargos
que a boca ávida
não consegue saboreá-los,
nem verso por verso.
Palavra, instrumento
que uso para lavrar,
terras áridas e estéreis
deixo na terra rastros
que um dia foram marcas.
Os gestos morrem
ainda esboços,
sorrisos desfazem-se
ainda na boca.
Aperta a minha garganta como mãos.
Enquanto a vida
explode como grito
para outros,
sussurra a morte
para mim apenas.
T@CITO/XANADU