POEMANDO

é minha voz

quando canto em um canto,

poesia retida na boca

junto com um grito.

O pranto mudo é nulo

transformo imagens em gestos,

desejos em palavras.

O suspiro calado

a alma guarda.

Mesmo a voz clara dos poemas,

são frutos amargos

que a boca ávida

não consegue saboreá-los,

nem verso por verso.

Palavra, instrumento

que uso para lavrar,

terras áridas e estéreis

deixo na terra rastros

que um dia foram marcas.

Os gestos morrem

ainda esboços,

sorrisos desfazem-se

ainda na boca.

Aperta a minha garganta como mãos.

Enquanto a vida

explode como grito

para outros,

sussurra a morte

para mim apenas.

T@CITO/XANADU

Paulo Tácito
Enviado por Paulo Tácito em 04/05/2020
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