RUA CAMPO ALTO
A saudade invade a tarde
Na rua Campo Alto
O sol na árvore
A escada, o corredor.
Eu via crescer minha perna.
Os primeiros aniversários.
A família, o quarto de madeira
Minha infância no quintal de pedra
Os cestos de brinquedos.
Os casamentos, festas e balões
Jogar bola na frente de casa
Ouvir Gal Costa, festa no interior
Esperar a piscina no verão
Sair pra jantar na casa do Chicão
Os carnavais que não voltam mais
As festas de salões que tínhamos
A primeira namorada de criança
Tomar café, cantando para avó
Fazer bailes no portão de casa
As viagens da infância
Os lugares que comecei ler
Trocar o álbum por figurinha
Reprovar porque tinha alergia
Brincar de polícia e ladrão
Ti conhecer no parquinho do clube
As locadoras de vídeo para filmes cassete
Quando o Et foi embora eu chorei
No Recanto da petizada plantei mudinhas de feijão
Vivi as olimpíadas rodeadas de gente
Fui até as quermesses nas igrejas
As domingueiras, os campeonatos e gincanas
Empinar pipa, descer as pracinhas do bairro
Eu lembro a primeira vez que dormi após a meia noite
Esperava almoçar para ir pra escola
Eu casei com muitas primas
Ia buscar pão para minha avó a tarde
Descia a rua para sentido da Água Fria
Tive muitas festas no quintal de casa
Cresci com primos que jamais esqueço
Vivi uma época crescendo entre os filhos de outros amigos
Fui aquele garoto que esperava ter sua primeira namorada
Enquanto sonhava o tempo sem saber que ele passava.
De Fernando Henrique Santos Sanches - O Poeta das Almas - Fernando Febá