O SER ENCERRADO EM SUA ARMADURA
Era uma vez um ser encerrado em sua própria armadura.
Vivendo como objeto entre máquinas aprendizes.
Ele era um computador
Que gozava e se mirava e não se via
Preso ao automático imediato do viver.
Furaram os seus olhos pra não sentir as coisas
Compraram sua vida.
O seu ideal de Eu.
O separaram de seu corpo,
e da sua condição de palavra.
Escamotearam suas emoções mais profundas
Programando-o pelo medo auto regulável
obsessivo do controle da vida
das suas emoções indigestas
pela sua vontade enfraquecida.
A realidade e o medo amam o fardo da vida,
Escravo das imagens e dos pensamentos
Acreditava que o mundo era um sonho
Onde o seu eu seria o seu próprio sistema
Monopolizando a criança que queria sobreviver
Destruindo as revoluções interiores.
Esvaziado e obcecado
via às coisas pelo interesse
das crenças que internalizava.
Amava uma aparição
e partilhava sentimentos
em gaiolas isoladas.
Era um homem convencional
de valores individualistas,
não via a si mesmo,
por isso não olhava aos outros.
Carregava situações inacabadas,
como um cigarro que deixava de fumar.
Não percebia a si mesmo,
e nem ao menos se conhecia
mas gozava alienante
apressado com o tempo que vazava,
e nem falava com o espelho,
enquanto acredita que Deus era um relojoeiro.
De Fernando Henrique Santos Sanches - O Poeta das Almas - Fernando Febá