SEGUNDA FEIRA

Tranquei o riso atrás dos dentes,

que foi sem graça de som

e sem risco de luar.

Ainda que próximos dos horizontes

teus passos incertos

não sabem onde vai dar.

Era festa e ilusão,

de mundo aberto estou certo.

Vi com clareza desta vez,

sei que estou bem perto...

Ao chulear idéias cavas,

arranco inspiração.

Quando amanhece o dia,

assim o faço também.

Jogo no corpo mole

a água fria.

Escoa pelo ralo

as humildes alegrias.

Despertador, reza, e café.

Minhas falas imprecisas,

não retratam nenhuma fé.

Douro minha pílula,

a vida em meio aos destroços

não muda nem uma vírgula.

Sou o marco de aventuras congeladas.

Nas coxas adolecentes que mordi,

foi ficando as marcas,

sinais de águas passadas.

Marcas no muro onde escrevi,

já chega! De lembrar desvivi.

A rua - Não,

O túmulo - Talvez.

Escoar a vida pelas rodovias,

no vestíbulo da anti-vida.

Talvez a minha vez...

Ser levado pelos bicos das cotovias.

T@CITO/XANADU

Paulo Tácito
Enviado por Paulo Tácito em 27/04/2020
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