Rebeldia III
Dalva Agne Lynch
Onde estão os cavaleiros em armadura de prata?
Buscando princesas. Não sou princesa
E nunca fui, em geração alguma.
Judia por raça, bruxa por rótulo,
Louca por laudo médico
E pela crítica dos que se sentam confortavelmente
Discutindo política entre um curso e outro do lauto jantar
Servidos por gênios que nunca serão gênios
Porque nasceram errado.
Talvez meu cavaleiro esteja entre eles
Os gênios incógnitos, subdesenvolvidos.
Talvez naquele homem empurrando todas suas posses
Em um carrinho feito com restos de construção.
Talvez. Na elegante sala de jantar, onde há criticas demasiadas
Nem se apercebem da realidade abaixo de seus narizes
Acima das cabeças dos servos
Da escória, dos desprezados.
Mas à noite, em mesas de bares cheirando a óleo rançoso
A cachaça com limão e frango frito
Esses gênios incógnitos tocam pandeiro
Dançam capoeira e vendem-se nas esquinas
E o mundo jamais saberá de nenhum deles
- sim, nenhum! e continuará com seu vinho tinto
Duzentos dólares a garrafa
E com a euforia passageira da cocaína mais pura
E o meu cavaleiro outra vez se perderá de mim.
Ficarei só, nas mesas elegantes dos importantes inúteis
E dessa realidade ficará apenas estes versos esgarçados
Onde meu cerne inutilmente se revolta.
Acho que vou pedir desculpas e me levantar da mesa
Para ajudar a copeira a lavar os pratos.
fig: Arthur Rackman
Dalva Agne Lynch
Onde estão os cavaleiros em armadura de prata?
Buscando princesas. Não sou princesa
E nunca fui, em geração alguma.
Judia por raça, bruxa por rótulo,
Louca por laudo médico
E pela crítica dos que se sentam confortavelmente
Discutindo política entre um curso e outro do lauto jantar
Servidos por gênios que nunca serão gênios
Porque nasceram errado.
Talvez meu cavaleiro esteja entre eles
Os gênios incógnitos, subdesenvolvidos.
Talvez naquele homem empurrando todas suas posses
Em um carrinho feito com restos de construção.
Talvez. Na elegante sala de jantar, onde há criticas demasiadas
Nem se apercebem da realidade abaixo de seus narizes
Acima das cabeças dos servos
Da escória, dos desprezados.
Mas à noite, em mesas de bares cheirando a óleo rançoso
A cachaça com limão e frango frito
Esses gênios incógnitos tocam pandeiro
Dançam capoeira e vendem-se nas esquinas
E o mundo jamais saberá de nenhum deles
- sim, nenhum! e continuará com seu vinho tinto
Duzentos dólares a garrafa
E com a euforia passageira da cocaína mais pura
E o meu cavaleiro outra vez se perderá de mim.
Ficarei só, nas mesas elegantes dos importantes inúteis
E dessa realidade ficará apenas estes versos esgarçados
Onde meu cerne inutilmente se revolta.
Acho que vou pedir desculpas e me levantar da mesa
Para ajudar a copeira a lavar os pratos.
fig: Arthur Rackman