DEPOIS
Não navego por estas águas,
Estou entre a margem e a estrada,
Com pés cansados e molhados
Por meus olhos sempre em lágrimas.
A areia, a pedra, o espinho, a curva
Resistem sob a sola de meu calçado,
Que pisa, amassa, esfrega a vida
Que escorre em linhas turvas.
Que flor, que pedra, que promessa
Comporá este cenário?
Qual dor, qual prazer, qual tempo escuro
Aquecerá o ansiar de pura pressa?
No silêncio das paredes estragadas,
No estranhar do veludo arrepiado,
No hesitar do abraço da loucura,
Tudo veio e tudo foi na rua escura.