DEPOIS

Não navego por estas águas,

Estou entre a margem e a estrada,

Com pés cansados e molhados

Por meus olhos sempre em lágrimas.

A areia, a pedra, o espinho, a curva

Resistem sob a sola de meu calçado,

Que pisa, amassa, esfrega a vida

Que escorre em linhas turvas.

Que flor, que pedra, que promessa

Comporá este cenário?

Qual dor, qual prazer, qual tempo escuro

Aquecerá o ansiar de pura pressa?

No silêncio das paredes estragadas,

No estranhar do veludo arrepiado,

No hesitar do abraço da loucura,

Tudo veio e tudo foi na rua escura.

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 10/02/2020
Reeditado em 06/03/2020
Código do texto: T6863117
Classificação de conteúdo: seguro