DA IGUALDADE DE TODOS OS POEMAS
Há poemas que viajam de carro blindado
Com motorista engravatado
Na solidão egoísta
Dos vidros escuros
E do ar condicionado
- poemas ricos –
Há poemas que viajam de Uber
Por morarem perto de tudo
Dispensando o aborrecimento
Dos engarrafamentos, das multas,
Do preço do combustível e do IPVA
- poemas de classe média –
Há poemas que viajam de trem e metrô
Acotovelados nas horas de rush
Sonhando com um carro usado
A ser pago em 60 prestações
E sem dinheiro para o seguro
- poemas pobres –
Há poemas que viajam a pé
Sem quaisquer trocados
Que catam restos de comida no lixo
E dormem debaixo das marquises
Invisíveis à maioria dos passantes
- poemas paupérrimos –
Porém, quem quer que sejam eles
Desde o Princípio
Todos os poemas
São e serão sempre iguais
Perante o Verbo!
- por JL Semeador de Poesias, iniciado em 16/01/2020 e concluído em 21/01/2020 -